5 de agosto de 2009

Os filósofos e as primeiras raízes da psicologia II

Parte 1. Os filósofos e as primeiras raízes da psicologia I :


Anaxágoras de Clazômenas (499-428 AC) admitia a existência de uma diversidade de elementos, as homeomerias ou sementes que trariam em si o gérmen das coisas. Essas sementes estariam contidas no magma original e foram separadas por uma inteligência ordenadora. “Dizia que tudo está em tudo, pois em cada coisa há uma parte de todas as outras”.

Se algo é o que é, trata-se de que nesse algo predominam as sementes correspondentes a ele: no ouro, predominam as sementes do ouro, mas nele estão presentes todas as outras sementes. As sementes são minúsculas, portanto, podem estar todas presentes num único elemento.

A geração, a corrupção e a transformação da realidade podem ser explicadas pela desagregação ou pela mistura das sementes. O mundo se origina através de um redemoinho em que se realizam as misturas e separações das sementes, aqui se introduz a idéia do Nous (espírito, inteligência) para explicar a origem do redemoinho que mistura e separa as sementes.

O Nous é algo separado da massa de sementes e portanto, possui autonomia. Esse Nous conhece tudo e tem o máximo de poder: "o Espírito comanda todas as coisa que têm vida, das maiores às menores. O Espírito governou também todas as rotações, de maneira que começou a girar no começo. (...) Essa rotação fez com que as coisas se separassem. O denso se separou do rarefeito, o quente do frio, o brilhante do tenebroso e o seco do úmido. Existem muitas porções de muitas coisas, mas nenhuma está separada nem dividida completamente da outra, a não ser o Espírito.

Anaxágoras introduz uma idéia já bem próxima de uma categoria de análise psicológica, o Nous (Espírito) para explicar o movimento de geração-destruição da realidade.

A sua contribuição para a psicologia moderna está no fato de ter dado atenção ao processo psicológico, enquanto relatava as suas reflexões sobre o universo e enquanto protestava contra o reducionismo ou elementismo e a valorização dada, por ele, á disposição e ordem dos elementos no todo, por exemplo, são aspectos que fundamentaram a gestalt.

Demócrito de Abdera (460-370 AC) foi o verdadeiro e último elementista do período cosmológico, considerava que o universo era composto de átomos, matérias indivisíveis, que se distinguiam pela forma, pela ordem, pelo tamanho e posição e que se moviam constantemente e de várias maneiras.

Os átomos explicam a multiplicidade dos seres, o movimento e a geração-destruição. O vazio, ou o não-ser explica a multiplicidade, uma vez que é o que separa os átomos; ele explica o movimento, porque se não há vazio não pode haver choques e remanejamento de átomos. A alma, para Demócrito é corporal e mortal, move o corpo, mas também é afetada pelos choques recebidos no próprio corpo. Os corpos exteriores produzem emanações de átomos que são como imagens (eídola) que se movimentam pelo vazio, e ao chocarem-se com os órgãos dos sentidos humanos produzem-se o conhecimento.

Demócrito considerava que os pensamentos e atos do homem, bem como todos os acontecimentos de sua vida, eram determinados por agentes externos. Salientou o papel dos estímulos externos na determinação do comportamento, em contraposição ao livre arbítrio.

O seu pensamento é marcado por uma visão estática e pré-determinada do mundo e da sociedade, ele desenvolveu a primeira psicologia materialista lógica, distinguindo o psíquico do físico através da diferenciação da quantidade dos movimentos dos átomos.




REFERÊNCIAS

http://www.pucsp.br/~filopuc/verbete/democri.htm
http://www.geocities.com/Athens/Crete/8773/cei3.htm
FREIRE, I. R. Raízes da psicologia. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

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